MEU MUNDO DE PALAVRAS...

      screver é uma prazerosa arte, de lidar com o imprevisível, de retratar o impossível, de fugir e inventar o visível, de materializar o invisível. Tudo o que se cria foge para um mundo onde possa ser realizado, onde possa ganhar forma e vida, onde encontre um espaço para seus personagens e ações. Eis a cabeça do leitor, a "grande vítima" das palavras, elas o rondam, o perseguem até persuadí-los e fazê-lo refém de suas tramas e versos. Vendo o poder das palavras, vi a possibilidade de também criar um mundo, e fazê-las minhas companheiras. Difícil missão, para ser poeta tem de levar um pesado cargo, um que um certo iatabirano revelou. E foi num sonho... Quando nasci um anjo, desses que vivem na sombra, disse:-Vai Tales ser gauche na vida!!!! E a isto me reduzi, fadado ao crime e castigo de ser poeta torto,assim como aquele mineirinho itabirano. E desde então, tenho oferecido a minha vida como um servo das palavras, contemplando o seu poder, e parado no tempo perplexo com o seu poder exclamei com Cecília: - Ai palavras, ai palavras, que estranha potência a vossa!É num momento de êxtase, nem ritus de ourives, vou escupindo na áspera página em branco, as palavras ardentes, intensas, inquietas, vívidas. E foi assim que descobri, junto com Clarice, um dos propósitos de escrever:"Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero uma verdade inventada." Eis a minha missão, relatar o que a vida me propõe, momentos de insania e lucidez, momentos de tristeza e alegria, um jogo de luz e sombra, o vôo de uma borboleta, uma gota de água... Enfim, relatar o que cada palavra de trouxer de obrigação... E trazer a cada leitor a beleza de meu ofício!!! 
SEJAM BEM-VINDOS AO MEU
                                               
                                      
                               

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

FRENESI DO SANDUÍCHE



 Fico a contemplar tua composição calórica
Entre fatias de pão, meu paladar a profana
Passando a maionese em suas bandas, sinto a retórica
Delírio neste seu cheirinho, pelas tuas entranhas emana

Disponho as folhas de alface, Minha delícia
Sob teu corpo macio e aveludado
Apalpo suas extremidades sem malícia
Ser comida, ânsia perdida, destino selado

A fatia de pepino recebe em teu regaço
Cubro-lhe como um bebê, envolto no presunto
Gosta de sentir viris mãos, a agressividade do amasso
Consumo teu dote, com voracidade... Sem assunto

Passo o dedo nos contornos do tomate em rodelas
Quebro minha vigília em jejum, doce perdição
Suas folhas frias de laticínios, mussarelas!
São para mim “deleite”, gasosa perdição

Devoro-te com instinto pecaminoso
Prolongo o gozo, guardo-a na lancheira
Conservo tua fatalidade, lapso saboroso
Gosta da bacante canibal, fera sanduicheira

TALES S. PEREIRA
   


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