Padece de infame ira
O torpor cético da lira
A mítica visão profusa
Diz-me quem tú és
E te direi sobre teu cadáver
A fulgura de um revés
Deturpar da Alma Mater
As cinzas dispersas pelo cenário
São registros cadavélicos
Canção fétida de escárnio
Recursos sensatos, arautos bélicos
Enfastiado do martírio zombeteiro
A esmo ponho-me a oferenda
Insulto do forasteiro
Molestei-me pela descrensa
Tuas vísceras tão maceradas
Tuas glândulas tão sufocadas
Teu peito, lascívia audaz, titubeava
A amargura de teu coração, dilacerada
Eis que se aproxima o tempo divino
Atirai-vos no fogo da salvação
Afim de chegar à pureza de um menino
Afim de tirar do caráter a humilhação
Celebrai com júbilo
O desterro dos ancestrais
Apresentai-vos de súbito
Aos juízos que se apresentam finais
Morreu como herói, sepultado como vilão
Teus atos memoráveis no âmago do peito
Desprezível consolação
Ardor sublime no leito
Vivei com delinqüência e insanidade
Morrei com santidade e pudor
Guardai furor e incredulidade
Preservai o coração da dor
Foram memoráveis os holocaustos
Mas não a mortificação...
AUTOR: Tales S. Pereira
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